Alta sensibilidade e as (graves) consequências do estresse e da saturação

Alta sensibilidade e as (graves) consequências do estresse e da saturação

10/06/2021 artigos Rosalira Oliveira

Não há como fugir. O fato de ser uma pessoa altamente sensível significa que vamos sentir o estresse mais rapidamente e reagir de maneira mais intensa que as outras pessoas. E o motivo é relativamente simples de entender: Uma das características básicas do traço da alta sensibilidade é absorver uma enorme quantidade de informação sensorial, seja de modo consciente ou, na maior parte das vezes, de forma inconsciente.  Absorver tanta informação é cansativo. É um processo que consome muita energia, uma vez que todos esses dados constituem estímulos que necessitam serem processados. Deste modo, quando há um excesso de estímulos (como ruídos constantes, multidões, agendas lotadas, convivência com pessoas agressivas, etc.), ficamos simplesmente esgotados e oprimidos pelo peso das solicitações feitas aos nossos sentidos. Isso é o que chamamos saturação, uma condição, infelizmente, muito comum na vida das pessoas altamente sensíveis.

 

Esta é uma das razões pelas quais aprender a gerir a alta sensibilidade é uma necessidade vital para nós. Afinal, uma das principais consequências da má gestão do traço é exatamente a saturação de estímulos e o estresse crônico, que costuma ocorrer em decorrência desta condição.

A importância de gerir a alta sensibilidade

O traço da alta sensibilidade traz consigo uma serie de características compartilhadas pelos altamente sensíveis. Dentre estas, estão aquelas características consideradas positivas – como a empatia, a criatividade, o pensamento em profundidade, etc. – mas, também, as características difíceis e desafiadoras  como por exemplo, a dificuldade em colocar limites e dizer não, o baixo umbral de dor, a extrema preocupação com a opinião alheia, o perfeccionismo e, por aí vai. Gerir a alta sensibilidade significa, simplesmente, aprender a potencializar as características positivas e a orientar em positivo aquelas que constituem um desafio.

 

Ocorre, porém, que muitas PAS não apenas não conhecem o seu traço de personalidade, como tampouco sabem o que fazer no dia a dia para equilibrar a sua sensibilidade. Por este motivo não prestam atenção a temas como a qualidade do seu sono, a alimentação adequada ou seu meio ambiente. O resultado costuma ser transformar o estresse em um estilo de vida, habituando-se a viver com seu sistema nervoso superestimulado. Isto as leva, pouco a pouco, ao estado de saturação que, quando se torna constante,  traz consigo uma série de alterações físicas, mentais e emocionais.

 

Gerir o traço da alta sensibilidade é, portanto, a condição para nos mantermos saudáveis, afastando o perigo do estresse e da saturação.  Entretanto, muitas vezes, estamos tão acostumados ao estresse como estilo de vida, que já nem percebemos que estamos estressados e precisamos nos cuidar. Em muitos casos é apenas quando uma doença grave se manifesta que compreendemos que estivemos forçando demais o nosso delicado sistema neurossensorial e agimos para recuperar o equilíbrio. Por isso é importante aprender a identificar o estado de saturação, reconhecendo alguns dos seus efeitos sobre nossa saúde e bem-estar.

 

Consequências do estresse e da saturação

Agora que você já foi alertado(a) para os riscos de não gerenciar o seu nível de estresse cotidiano, vejamos alguns dos impactos que a o estado de saturação constante pode trazer para a sua saúde:

  • Dificuldade para se concentrar e prestar atenção: o estresse e a saturação aumentam, em grande medida, nossa atividade mental. Isto faz com que passemos a ter mais dificuldade em diferenciar as informações importantes das que não são importantes, gerando um estado contínuo de aceleração e falta de atenção.
  • Estado de alerta permanente: Este é um velho conhecido de muitos de nós. Os altos níveis de cortisol no sangue fazem com que o sistema límbico e a amigdala se mantenham em estado de alerta permanente. A amígdala é a região do cérebro responsável, entre outras funções, por nos alertar dos perigos e está associada à emoção do medo. Este estado de alerta constante consome muita energia e nos predispõe a uma sensação constante de medo, como se estivéssemos o tempo inteiro sob ameaça.
  • Falhas na memória: Tanto na memória de trabalho, quanto na chamada memória “prospectiva”. A memória prospectiva é aquela que nos recorda a ordem lógica das tarefas que estamos executando. Quando esta memória está afetada ocorrem coisas como deixar queimar a comida no fogo ou nos esquecermos que devíamos ligar para o médico, por exemplo. O mesmo ocorre com a memória de trabalho que nos informa o que devemos fazer a cada momento. Uma situação típica de falha neste tipo de memória é, por exemplo, chegarmos a um cômodo da casa e nos perguntarmos o que fomos fazer ali.
  • Desequilíbrio emocional: devido as mudanças em nível hormonal e dos neurotransmissores – causados pelo alto nível de estresse, passamos a viver numa espécie de montanha russa de emoções, – associados à emocionalidade intensa que caracteriza as PAS.
  • Distúrbios do sono: Aqui encontramos tanto as pessoas que tem dificuldades em conciliar o sono, como aquelas que acordam durante a noite e não conseguem mais dormir ou, ainda, aquelas que acordam de madrugada e não tornam a adormecer mesmo não tendo conseguido descansar o suficiente.

 

Estes e outros sintomas são consequências do estresse crônico, que costuma acompanhar as PAS que não gerem o seu traço de maneira cotidiana e personalizada.

 

E agora? O que fazer?

Acho importante esclarecer que a alta sensibilidade em si é algo neutro e não traz consigo nenhuma consequência negativa para as PAS. É a má gestão (ou a não gestão) da alta sensibilidade que pode (veja bem, pode) nos levar a cair na armadilha do estresse crônico e suas consequências.

 

Ser altamente sensível não tem por que significar Ser uma PAS não é (e não tem porque ser) sinônimo de sofrimento Ser PAS é uma característica que lhe traz vantagens e, também, desafios com os quais você pode perfeitamente lidar. Tudo depende de conhecer o seu traço de personalidade e adaptar o seu estilo de vida à pessoa que você realmente é (e não àquela que você acha que deveria ser).

 

Adaptar seu estilo de vida e gerenciar os estímulos de forma a prevenir a saturação deve ser um dos cuidados essenciais para uma pessoa altamente sensível que pretende viver a sua sensibilidade de maneira equilibrada. Algumas sugestões:

  1. Desenvolva estratégias para reduzir sua exposição aos estímulos do ambiente: Examine a sua rotina e pergunte-se o que você pode fazer para ser menos “bombardeado(a)” por estímulos agressivos no seu dia-a-dia. Use fones de ouvido para bloquear o ruído exterior; descubra um caminho mais tranquilo para ir ao trabalho; procure uma hora menos movimentada para ir ao supermercado ou um restaurante menos congestionado para o seu almoço, etc.
  2. Evite os estimulantes: Seu sistema nervoso já está sobrecarregado. Portanto, evite estimulá-lo ainda mais com substâncias como cafeína, açúcar e outras que a médio prazo vão exaurir suas reservas de energia
  3. Faça pausas: Use o horário de almoço para afastar-se do barulho do ambiente; Planeje “mini-retiros” semanais e, se possível, um retiro mais longo uma vez por mês, para descarregar seu sistema.
  4. Ande: Um dos métodos mais simples e baratos para reduzir a estimulação é caminhar, de preferência num espaço verde. Enquanto anda, tente estar atento(a) aos seus sentidos prestando atenção àquilo que está acontecendo ao seu redor.
  5. Desacelere: A hiperexcitação tende a nos deixar ansiosos. Por sua vez, a ansiedade tende a nos tornar muito  acelerados, gerando uma espécie de circuito: ansiedade/aceleração/saturação/esgotamento. A melhor maneira de interromper este circuito é desacelerar. Experimente digitar a uma velocidade menor, fazer umapausa antes de responder durante uma conversa, comer com atenção ao invés de simplesmente engolir a comida, etc.
  6. Medite: Nada restaura tanto a sua mente quanto o silêncio e a meditação. O estado de relaxamento profundo provocado pela meditação aumenta a concentração dos neurotransmissores associados a sensação de prazer, motivação e energia, ao mesmo tempo que diminui a presença dos hormônios associados ao estresse.

 

Estas são apenas algumas das práticas que podem ser incorporadas ao seu cotidiano para gerar mais tranquilidade e paz interior. São cuidados simples que dependem sobretudo de você.  Se precisar de ajuda para começar, lhe sugiro o meu curso online: autocuidado e gestão de energia para introvertidos e altamente sensíveis que você pode conhecer, clicando no botão abaixo:

 

Beijos e bênçãos e até o próximo mês,

 

 

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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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