Como a meditação pode beneficiar as Pessoas Altamente Sensíveis

Como a meditação pode beneficiar as Pessoas Altamente Sensíveis

05/05/2021 artigos Rosalira Oliveira

mulher em meditaçãoPor Fábio Cunha (autor convidado)

 

A Dra Elaine Aron costuma sempre sugerir a prática da meditação para as pessoas altamente sensíveis como uma maneira de reduzir o impacto dos estímulos e recuperar a energia drenada pela superestimulação. Porém, como ela mesma reconhece, recomendar meditação não é algo simples, pois assim como existem inúmeros benefícios, existem, também, inúmeros tipos de meditação e formas de praticar.

 

 

 

O que é meditação?

Podemos afirmar que a meditação é uma função natural do corpo e mente humanos. Esta função produz um estado psico-fisiológico distinto, alterando a frequência das ondas cerebrais. Quando praticamos meditação normalmente experimentamos baixos níveis de excitação física com um alto nível de percepção mental. Todos já experimentamos este estado alguma vez na vida. Durante uma caminhada na natureza, contemplando algo belo, relaxando profundamente, ou quando estamos concentrados em uma atividade que nos dá prazer. De repente algo muda em nossa percepção, nos sentimos mais presentes, mais conscientes do que se passa ao nosso redor e em nossas mentes, é como se tudo acontecesse um pouco mais devagar.

 

A prática da meditação é uma maneira intencional de alcançar este estado e permanecer nele por mais tempo, para aprofundar e ampliar a consciência. Durante a prática, a frequência das ondas cerebrais diminui e experimentamos diferentes estágios de acordo com o tempo e tipo de prática. À medida que a frequência abaixa, aumentam o número de conexões neurais, ativando diferentes partes do cérebro, enquanto o nosso corpo fica cada vez mais relaxado. A cada estágio os pensamentos vão cessando e ganhamos mais clareza, podemos ter insights e uma sensação de expansão onde sentimos que estamos além do corpo e de conexão profunda com a vida.

 

Loop Emoção e Pensamento

Um pensamento, que não dura mais do que alguns segundos, gera uma reação em cadeia no nosso corpo, uma descarga química que nos faz experimentar sensações física e emoções que demoram minutos, até horas. Essas sensações e emoções amplificadas nas pessoas altamente sensíveis, nos levam a ter mais pensamentos que confirmam esta emoção gerando um loop emoção e pensamento que se retroalimenta continuamente por dias, meses e até anos.

 

Pare agora e lembre-se de um episódio recente que lhe levou a experimentar emoções fortes, como dor ou raiva, e tente identificar este padrão.

E se fosse possível parar este tipo de pensamento quando ele surge, observar esta reação ocorrendo e não alimentar novos pensamentos que reforçam estas emoções negativas?

 

A boa notícia é que é possível sim. Para mim esse é um dos principais benefícios da meditação, através da prática aprendemos a observar de maneira distanciada os nossos pensamentos e sentimentos ocorrendo. Nos tornamos testemunhas e a partir deste estado, podemos fazer a escolha de continuar dando energia para esses pensamentos ou simplesmente deixar que eles se dissolvam. Podemos observar uma emoção e, ao invés de reagir impulsivamente, observa-la  se expressando no nosso corpo e deixar que ela naturalmente diminua a sua intensidade. Isto nos liberta da escravidão das reações automáticas em cadeia e pouco a pouco vamos tomando consciência de que podemos fazer escolhas de quais pensamentos alimentamos.

 

chackras meditação“A meditação desenvolve o ‘músculo’ que nos ajuda a nos afastar da reação emocional e desenvolver a capacidade de fazer uma pausa, refletir e responder, o que nos ajuda em todos os aspectos de nossa vida pessoal e profissional como PAS. ” Dra. Julie Bjelland

Para que meditar?

Muitas pessoas imaginam que a meditação só serve para relaxar e ficar “zen”. A prática nos ajuda sim a manter um estado de mais serenidade, mas nem sempre a prática é gostosinha. Primeiro exige disciplina para manter-se em silêncio, em uma mesma posição por alguns minutos todos os dias, o que nem sempre é confortável, principalmente no início. Outro ponto que vale destacar é que quando nos desconectamos das distrações e silenciamos nossos pensamentos e passamos a observar o nosso mundo interno, podem vir à tona sentimentos e memórias que estavam escondidos no subconsciente e nem sempre são agradáveis. A meditação permite que estes conteúdos venham para a consciência para serem trabalhados.

 

Por isso é também uma excelente ferramenta de autoconhecimento que nos permite entrar em contato com partes profundas do nosso ser que não prestamos atenção habitualmente. A meditação pode potencializar o efeito da pscioterapia ao trazer para a consciência estes conteúdos e também novas percepções e insights. É comum também que durante a meditação sonhos sejam revistos e compreendidos. Algumas práticas utilizam perguntas e afirmações durante a meditação para investigar e acessar conteúdos inconscientes.

Diferentes tipos de Meditação

Existem infinitas técnicas de meditação. Ela pode ser praticada sentada no chão, em uma cadeira ou almofada, ajoelhado, a postura deve ser relaxada, porém, firme, com a coluna ereta e os olhos podem ficar abertos ou fechados. Existem quatro tipos principais:

 

  • Práticas de concentração: O objetivo é manter a atenção focadas, e fortalecer os “músculos” quer permitem sustentar a concentração por longos períodos. Geralmente envolve em direcionar a atenção para um único objeto como a respiração, um mantra ou uma imagem mental. Normalmente é a prática inicial.
  • Práticas de ampliação da consciência: Nesta prática, a atenção é liberada e foco é no vazio. No espaço entre os pensamentos. O objetivo é desenvolver o contato com o mundo interno e atingir estados mais sutis de percepção.
  • Meditação guiada para relaxamento: Neste tipo de meditação existe um apoio externo de alguém que dá instruções, orientando a postura a respiração, visualização de imagens podendo contar com um fundo musical para induzir o relaxamento.
  • Meditação guiada com objetivo: Neste tipo, após o relaxamento inicial, a pessoa é orientada em como usar a sua imaginação para atingir um objetivo. Pode ser um objetivo espiritual como entrar em contato com uma parte mais profunda de si mesmo, usada para a cura e investigação de traumas e para programação mental para mudança de hábitos por exemplo.

 

A minha prática regular nos últimos dez anos é de foco no silêncio, mas faço uso de todas dependendo do objetivo. As vezes estamos tão agitados que precisamos de ajuda e orientação para conseguir silenciar a mente. Após todos esses anos meditando com os olhos fechados, estou aprendendo uma técnica que usa os olhos abertos, tem sido um desafio e, também, uma descoberta de novas possibilidades.

 

ilustração meditaçãoVamos praticar?

Uma boa maneira de começar é a prática de um minuto de silêncio. Ao acordar, antes de se levantar, antes de algum compromisso importante e antes de dormir, sente-se em uma postura relaxada com a coluna ereta, feche os olhos, concentre-se na região entre as sobrancelhas e observe a sua respiração. Faça isso por um minuto e vá aumentando o tempo aos poucos.

 

Sinto que a meditação é uma das principais ferramentas que pode ajudar as Pessoas Altamente Sensíveis a usar a sensibilidade de maneira positiva, aprender a lidar com as emoções e entrar em contato com a parte mais bela de quem somos. Para mim foi um divisor de águas em minha vida. Por isso criei um podcast onde vou compartilhar algumas dicas e meditações guiadas para ajudar outras PAS nesta jornada. Espero que gostem

 

https://open.spotify.com/show/1Bs7RppY42YpVhpymHGhh8?si=37I_XJ7_Qja8XQgbR9GzBQ

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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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