Equilíbrio vital: uma necessidade (e um anseio) para uma pessoa altamente sensível #02

Equilíbrio vital: uma necessidade (e um anseio) para uma pessoa altamente sensível #02

26/05/2018 artigos Rosalira Oliveira
Esta é a segunda parte deste artigo, CLIQUE AQUI para ler a parte I

 

Na primeira parte deste artigo eu falei sobre o que entendo por equilíbrio vital e lembrei que se trata de algo dinâmico. Falei também sobre a importância e o desafio que significa para as PAS encontrar este ponto de equilíbrio.  De fato, trabalhar para atingir o equilíbrio vital não é exatamente fácil.  É um trabalho na plena acepção do termo e requer vontade, constância e algum esforço, até que os novos comportamentos se tornem hábitos.

 

E embora seja um pouco mais difícil para nós, pelas razões que falamos no artigo anterior (e outras mais), é ainda mais necessário para nós também.  Pronto(a) para começar?

 

O que fazer e por onde começar?

 

Prefiro responder a esta questão da mesma maneira que abordo o trabalho junto aos meus clientes de coaching: comece pelo corpo, ele é o seu melhor guia. Aprenda a ouvir e respeitar as necessidades do seu corpo, ao invés de constantemente forçá-lo a ir além dos seus limites em nome de um modelo ideal (de produtividade, resistência, ou, seja lá do que for).   Ouça o seu corpo e organize-se para atender as suas necessidades. Depois preste atenção à sua mente e suas emoções e perceba como elas impactam na sua saúde e no seu bem-estar. Como a neurociência tem apontado, somos um complexo corpo-mente. Dessa maneira, suas emoções e pensamentos se traduzem em estímulos que desencadeiam respostas específicas no seu sistema nervoso. Como explica a dra. Candace Pert:

 

“Moléculas de emoção percorrem todos os sistemas do nosso corpo e este sistema de comunicação é uma demonstração da inteligência do corpo-mente, uma inteligência inteligente o suficiente para buscar o bem-estar e que pode, potencialmente, nos manter saudáveis ​​e livres de doenças…”. (Moléculas da Emoção, Scribner, Nova Iorque, 1997. p. 19).

 

Assim, eu gostaria de lhe apresentar algumas sugestões de atividades e comportamentos que podem ajudar na busca desse precioso equilíbrio.

 

  • Cuide da sua alimentação: Escolha uma dieta anti-inflamatória, composta principalmente por frutas e vegetais, peixes gordurosos, carnes magras e óleos saudáveis. Prefira alimentos quentes, úmidos e nutritivos. Alimentos frios e secos, funcionam como um estímulo violento que agride o seu sistema digestivo. Uma alimentação saudável e nutritiva pode fazer uma grande diferença no seu bem-estar físico e emocional, uma vez que a alimentação se encontra intimamente relacionada com o aumento ou decréscimo de determinados hormônios que influenciam os nossos estados de ânimo (como, por exemplo, o cortisol relacionado ao estresse).
  • Inclua o exercício físico na sua rotina: O exercício constitui outra das ferramentas indispensáveis para a gestão do traço da alta sensibilidade. O movimento ajuda a reduzir a tensão acumulada no corpo, através da liberação de endorfinas – neurotransmissores cerebrais que transmitem sinais elétricos para o sistema nervoso – que produzem uma sensação positiva de bem-estar. As endorfinas são diminuídas pelo estresse e impulsionadas pela atividade física.

 

Atenção! cuidado, muita calma nessa hora: Como PAS você provavelmente terá menos energia para os exercícios do que os seus colegas não PAS, uma vez que captar e processar tantos estímulos (10 x mais que a média das pessoas, lembra-se?), consome muita energia. Assim sendo, dimensione com muito cuidado a frequência e a intensidade da sua atividade física: o objetivo aqui é energiza-lo(a) e não deixa-lo(a) mais cansado(a).

 

  • Faça do sono uma prioridade: Pessoas altamente sensíveis tendem a caminhar em um estado de hipervigilância. Dormir o suficiente acalma nossos sentidos hiperalertas e ajuda-nos a processar a quantidade enorme de estímulos absorvida ao longo do dia. A quantidade e a qualidade do seu sono podem fazer a diferença entre ser ou não ser capaz de lidar com as circunstâncias estressoras do dia-a-dia. Sem sono adequado todo pequeno estressor parece (e é) dez vezes pior.
  • Aprenda a relaxar sua mente: Um hobby jardinagem ou algum tipo de trabalho manual são atividades que nos ajudam a desconectar do mundo exterior com seu excesso de estímulos. Atividades artísticas como pintar, escrever ou tocar um instrumento, constituem um verdadeiro bálsamo para a alma (e uma necessidade para as PAS), ajudando-nos a nos reconectarmos com nosso eu interior. Não precisa ser uma “obra de arte”. É o processo de autoexpressão que importa.
  • Pratique algum tipo de meditação: Esvaziar a mente é uma necessidade vital para a maioria das PAS. O motivo é claro: com um mundo interior tão rico aliado à capacidade de absorver tantas informações, nossa mente vive num estado constante de atividade. Existem muitas práticas de meditação disponíveis, envolvendo ou não uma religião específica. Cabe à cada pessoa encontrar àquela que melhor se adapta à sua personalidade e estilo de vida. Minha recomendação é que você procure praticar algum tipo de meditação de consciência pura, que não envolva nenhum tipo de atividade física, concentração ou esforço.
  • Conheça o poder da aceitação: A aceitação e autoaceitação são chaves poderosas para encontrarmos nosso equilíbrio vital. Na verdade, sem a aceitação nenhuma das práticas anteriores nos levará a este ponto. Nós PAS temos uma forte tendência ao perfeccionismo e ao criticismo. Seja em relação a nós mesmos, seja em relação aos demais, podemos desenvolver uma perspectiva que nos leva a viver em um eterno estado de insatisfação e frustração.  Desenvolvemos expectativas irrealistas e vivemos infelizes porque elas não se concretizam. Agindo assim criamos uma resistência que se manifesta na forma de raiva, sensação de impotência, desvalor, mágoa, inconformismo, vitimismo e outras emoções que nos levam para bem longe do desejado equilíbrio.  A aceitação nos libera desse circuito, permitindo-nos direcionar nossa energia para criar as mudanças que desejamos. Aceitar não é conformar-se. Aceitar é reconhecer a imperfeição (da vida, das pessoas, dos relacionamentos, etc.) e perceber nosso poder de escolha diante de cada situação que a vida nos apresenta.  É resgatar nosso poder pessoal, decidindo como agir ao invés de sair distribuindo culpas. A assunção da nossa responsabilidade e a escolha consciente de como agir é o que estabelece a diferença entre a aceitação e a passividade.

 

 Conhecer a si mesmo: um passo essencial

 

Estas são apenas algumas das práticas que você pode implementar na sua caminhada rumo ao equilíbrio vital.  É claro que a gestão do traço da alta sensibilidade implica em muito mais do que incorporar estas (ou outras) atividades à sua rotina, mas elas podem significar um ótimo começo de trabalho.

 

Por outro lado, nunca é demais recordar que além de ser uma PAS você tem um conjunto de características e uma estória de vida que lhe tornam uma pessoa única, diferente de todas as demais, sejam elas PAS ou não. Isso significa que cabe a você encontrar o caminho até o seu ponto de equilíbrio, de uma maneira pessoal e individualizada.   Assim, sendo eu lhe convido a refletir sobre o quanto a sua maneira de viver está contribuindo (ou não) para o seu equilíbrio vital e sobre quais atividades, pessoas, relações, etc., tendem a aproximá-lo(a) ou a afastá-lo(a) dele.

 

Por fim, eu gostaria de lhe dizer algo que considero importante: Tenho enfatizado ao longo desse artigo que o equilíbrio é algo dinâmico – uma espécie de dança que estabelecemos conosco mesmos e com as circunstâncias de nossa vida.   Neste movimento, o mais importante é nos mantermos, o máximo de tempo possível, em nosso próprio centro. Não podemos determinar os acontecimentos da vida e sempre poderão acontecer coisas inesperadas e até mesmo dolorosas, capazes de nos desconectar e nos levar para longe do nosso ponto de equilíbrio. O objetivo, porém, é nos tornamos capazes de nos reconectarmos com nosso centro e retornar a este lugar de autoconsciência, a partir do qual nos sentimos em paz sendo, exatamente, quem nós somos. Desejo-lhe sucesso neste aprendizado.

 

Muito obrigada por me acompanhar.

 

Beijos e bênçãos,

 
Rosalira dos Santos
 
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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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