Gerir a alta sensibilidade: a chave para ser feliz sendo uma PAS

Gerir a alta sensibilidade: a chave para ser feliz sendo uma PAS

09/06/2020 artigos Rosalira Oliveira

Neste artigo gostaria de voltar a tratar de um tema que considero central no meu trabalho: a gestão do traço da alta sensibilidade.  E por que considero este tema tão importante? Porque compreender o que é a alta sensibilidade e conhecer as características associadas ao traço não é suficiente. O conhecimento por si só não vai lhe permitir mudar as coisas que lhe incomodam no seu dia-a-dia como PAS. Se você quer alcançar um equilíbrio e desfrutar dos aspectos positivos da alta sensibilidade é indispensável aprender a gerir o seu traço de personalidade.

 

Mas, em que consiste esta tal gestão da alta sensibilidade? Trata-se, em primeiro lugar de identificar suas necessidades enquanto PAS e criar, na medida do possível, um estilo de vida respeitoso para com sua personalidade. Em outras palavras, gerir a alta sensibilidade é criar um ajuste, uma sintonia fina entre o seu traço e a maneira como você vive a sua vida. É aprender a conhecer-se e a cuidar-se, de modo a potencializar os aspectos positivos da alta sensibilidade e equilibrar aqueles que podem se tornar difíceis ou mesmo dolorosos.

 

Este é um trabalho pessoal e individual. Ainda que todas as PAS se vejam refletidas nas 04 características centrais da alta sensibilidade, cada pessoa é única e a maneira como a sua alta sensibilidade se expressa também o é.  Nossas experiências de infância, a educação que recebemos, nossos outros traços de personalidade, como a introversão por exemplo … Tudo isso vai influenciar o modo como cada um de nós vai vivenciar o traço e como as suas características se expressarão nas nossas vidas. Por isso mesmo, costumo dizer que a gestão da alta sensibilidade é responsabilidade de cada pessoa. O trabalho de um profissional, por exemplo, é o de fornecer ferramentas para este processo e acompanhamento na construção de um novo olhar sobre a vida.

 

E o que acontece quando uma PAS não sabe gerir o seu traço?

Esta é uma pergunta difícil de responder, exatamente pelo que foi dito acima: cada pessoa é única. Porém, de modo geral há alguns problemas/condições que podem ser considerados indicativos de uma sensibilidade em desequilíbrio.

 

A primeira destas condições, que está diretamente ligada às quatro características definidoras da alta sensibilidade, é viver em um estado constante de saturação, que tende a ter como resultados o estresse, a ansiedade e/ou uma hiperemocionalidade,  que pode se apresentar como uma tendência a magoar-se com facilidade e uma predisposição a choros ou acessos de raiva repentinos.

 

Outra consequência de não saber gerir o traço da alta sensibilidade pode ser viver a própria vida a partir de um determinado papel que, embora lhe permita relacionar-se com as pessoas a nível social, é algo que a pessoa sente em seu íntimo que não corresponde à quem ela verdadeiramente é, sendo antes uma máscara social que lhe serve como defesa diante da própria sensibilidade. Chamo esta estratégia de truques adaptativos. E sei, por experiência própria, que o resultado costuma ser uma profunda sensação de solidão, além da exaustão causada pelo esforço de manter a persona todo o tempo.

 

Uma outra maneira pela qual a má gestão do traço da alta sensibilidade pode prejudicar uma PAS diz respeito à dificuldade em lidar com a própria profundidade emocional. Este aspecto pode levar muitos altamente sensíveis a se fecharem em si mesmos, vendo-se como vítimas e vivendo num mundo cheio de mal-entendidos e ressentimentos.

 

Enfim, como consequência do desconhecimento do seu traço e da não gestão da alta sensibilidade, não é raro encontrarmos PAS que:

  • Estão sempre irritadas ou de mau-humor;
  • Não sabem escutar;
  • Parecem não ter a mínima empatia;
  • São extremamente críticas e estão sempre vendo o lado negativo das coisas e das pessoas;
  • Sentem-se vítimas das outras pessoas e ressentidas pelo não reconhecimento dos “sacrifícios” que fizeram;
  • Têm uma maneira irônica, ou até mesmo agressiva, de se comunicar.

 

Estas são apenas algumas das consequências para uma PAS de não saber gerir o traço da alta sensibilidade. Talvez você se identifique com algumas delas, talvez não.  O importante é entender que estas condições podem ser transformadas à medida que aprendemos a gerir e equilibrar nosso traço de personalidade.

 

Tá! Mas, como fazemos isso?🤔

 

Ah! Ah! Ah! Aqui cabe aquela velha frase “é simples, mas não é fácil”. É simples, porque consiste, sobretudo, em estarmos atentos a quem somos e aplicar algumas estratégias e ferramentas para modificar nosso estilo e nossa postura diante da vida. Mas não é fácil, porque exige aceitação da nossa diferença e disposição para fazermos as mudanças necessárias, tanto externa quanto internamente.

 

Uma parte deste trabalho está ligada à reorganização da sua rotina: prestando atenção ao seu corpo e aos sinais que ele lhe envia, observando seus padrões de sono, alimentação, esforço físico e mental etc. Uma outra parte, mais delicada, consiste em construir uma nova perspectiva a respeito da pessoa que você é, deixando de lado papéis e comportamentos que já não fazem sentido ou se revelam como limitantes e geradores de sofrimento.

 

Como disse antes, é um trabalho pessoal, um compromisso que você assume consigo mesmo(a) e com o seu bem-estar e que pode implicar em diferentes estratégias. Por isso, considero que o mais importante é reconhecer as condições essenciais para a gestão do traço da alta sensibilidade, quer isto seja feito de maneira individual ou em grupo, quer através de uma terapia, um percurso de coaching, um curso, um livro ou de outro recurso.

 

Então, o mais importante para gerir a alta sensibilidade é entender que:

 

  1. Se trata de um trabalho diário: A gestão do traço é um trabalho diário. No início, isso pode lhe dar uma certa sensação de “sobrecarga” como se você tivesse coisas demais para fazer ou observar. Mas, à medida que você começar a observar as mudanças positivas no seu bem-estar, as coisas irão se tornando mais fáceis.
  2. Não acaba nunca: Ser uma PAS é para sempre. Não se trata de uma condição de saúde que você pode “curar” e depois “ter alta”. Logo, não existe o ponto final, a partir do qual você não precisará mais gerir o seu traço.
  3. Se interioriza: À medida em que você começa a gerir sua sensibilidade e a sentir os resultados positivos deste trabalho, os novos hábitos e percepções vão se incorporando à pessoa que você é e vão se tornando parte do seu modo de ser, como se você sempre os tivesse vivenciado.
  4. Responsabilidade de cada um: Ninguém vai gerir sua sensibilidade por você. É importante que você assuma esta perspectiva desde o primeiro momento. Embora seja maravilhoso ter pessoas que lhe compreendam e lhe apoiem você, e somente você, é responsável por fazer as mudanças necessárias para equilibrar sua sensibilidade.
  5. Integral: A alta sensibilidade é uma característica genética ligada ao funcionamento do seu cérebro e do seu sistema nervoso central. Por conta disto, ela afeta tanto o seu corpo quanto os seus pensamentos e emoções. Sendo assim, a tarefa de gerir a alta sensibilidade passa, necessariamente, por estes três aspectos: o físico, o mental e o emocional.
  6. Práticas cotidianas: É uma questão de estratégia, exercícios e cuidados que, incorporados ao seu cotidiano, irão, aos poucos, lhe proporcionando maior bem-estar, felicidade e equilíbrio. De nada adianta, por exemplo, meditar por uma hora inteira num dia e não praticar nem durante cinco minutos nos dias seguintes. É o conjunto das estratégias e a sua regularidade que irão construir os resultados.
  7. Pequenos gestos: Gerir o traço da alta sensibilidade não exige mudanças dramáticas e radicais, como deixar o emprego, terminar uma relação ou coisa do tipo. É claro que você pode chegar à conclusão que está pronto(a) para fazer algo assim. Mas não é disso que se trata e, sim, de pequenos gestos, como por exemplo, se permitir dizer não,  que irão fazer  uma grande diferença na sua vida.
  8. Suas decisões: Repetindo: cada pessoa é única. Por isso mesmo cabe a você e a mais ninguém (terapeuta, coach, mentor, conjugue, amigos etc.) decidir sobre o que você deve ou não modificar na sua vida. O trabalho de um profissional é o de apontar caminhos possíveis e fornecer a informação, para que você possa fazer as suas escolhas.

 

Estas são as condições que considero essenciais para a gestão da alta sensibilidade. Se você deseja começar o seu trabalho de aprender a gerir e equilibrar o seu traço, gostaria de lhe apresentar duas ferramentas que podem lhe ajudar nesta jornada: o meu curso online “Alta sensibilidade e você: conheça e aprenda a lidar” e o Treinamento Sensibilidade Equilibrada. Clique nos links abaixo para saber mais sobre eles.

 

 

Beijos e bênçãos e até o próximo mês

 

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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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