Altamente sensível e permanentemente cansado: você se reconhece?

Altamente sensível e permanentemente cansado: você se reconhece?

04/03/2019 artigos Rosalira Oliveira

cansado1Uma das queixas que costumo ouvir com mais frequência das pessoas altamente sensíveis diz respeito ao seu cansaço constante. Muitas PAS se ressentem do fato de que elas parecem ter menos energia que as outras pessoas e não conseguem dar conta das mesmas atividades que seus amigos e familiares, sem se sentirem extenuadas. Tentam a todo custo “acompanhar o ritmo” dos demais e sentem-se inferiorizadas quando não conseguem este objetivo, achando que “deveriam” ser capazes de fazer o que “todo mundo” faz.

 

 

Não são apenas as perturbações do sono que são responsáveis ​​pela fadiga constante das PAS, mas sim uma sobrecarga sensorial causada pelo constante excedente de informação que o seu cérebro e o seu sistema nervoso têm de processar. Isto cria um déficit de energia que também costuma ter um impacto bastante forte sobre os seus projetos de vida. Não são poucas as vezes em que uma pessoa altamente sensível inicia um projeto com muito entusiasmo e, aos poucos, vai deixando-o de lado por ter dificuldade em sustentar o esforço necessário para concluí-lo.

 

Por que nos sentimos cansados tão frequentemente?

 

Antes de aprender a lidar com este tema você precisa compreender as razões pelas quais apresenta um nível mais baixo de energia disponível em comparação com as outras pessoas. E repare que eu disse “energia disponível”. Ou seja, não é que você tenha menos energia, mas sim que dispõe de menos energia, simplesmente porque gasta mais apenas convivendo com os muitos estímulos da vida cotidiana.

 

O cansaço contínuo de uma pessoa altamente sensível pode ter várias causas. Pode ser desencadeado por uma sobrecarga sensorial permanente do cérebro e do sistema nervoso, o que faz com que a PAS se sinta constantemente cansada, mesmo que realmente durma o suficiente. Mas também pode ser causado por distúrbios do sono, aos quais as pessoas altamente sensíveis são particularmente propensas.  O mais frequente é que ambos os fatores se juntem.

 

O cérebro de uma pessoa altamente sensível absorve muito mais estímulos e sente-os mais intensamente. Portanto, tem mais trabalho a fazer do que o cérebro de uma pessoa menos sensível. O sistema nervoso está constantemente trabalhando a toda velocidade para processar todos estes estímulos e isto consome muita energia. Podemos comparar, por exemplo, com um computador que processa uma quantidade muito maior de informação e, assim, inevitavelmente, usa mais energia do que um computador que processa apenas metade da informação.

 

Já os distúrbios do sono constituem um problema ao qual as pessoas altamente sensíveis são particularmente vulneráveis. Uma vez que seu cérebro está sempre trabalhando em alta velocidade para processar todas estas impressões e estímulos, torna-se muito difícil acalmar-se e reduzir o nível da atividade cerebral. Por outro lado, o sistema nervoso constantemente sobrecarregado não ajuda a acalmar o corpo. Como resultado, o relaxamento, tão importante para um sono saudável e restaurador, não se instala e a pessoa altamente sensível achará difícil, ou mesmo impossível, dormir. Com isso, terá ainda menos condição de se recuperar do desgaste diário, criando um círculo vicioso de exaustão e cansaço.

 

Há ainda outro fator a considerar: nossa cultura nos incentiva a assumir tarefas e compromissos em demasia.  Nós tentamos fazer tudo, encaixar tudo, aproveitar tudo e isso pode ser superestimulante e drenante também. Você pode até acreditar na lógica de que tem que dar conta de tudo e fazer tudo ou o mundo vai acabar, mas seu corpo e seu sistema nervoso simplesmente não resistem a este nível de pressão.  Neste caso, a PAS começa a entrar no que eu chamo de “modo reserva”, no qual vai consumindo cada vez mais suas reservas de energia, exatamente como um carro que continua rodando mesmo com o tanque quase vazio. 

 

Esta imagem lhe soa familiar? Pois é, uma vez que seus níveis de energia estão constantemente na escala negativa, você provavelmente precisará fazer um esforço cada vez maior apenas para dar conta das suas atividades do dia a dia. diárias. Por outro lado, você pode estar tão acostumado(a) a se sentir exausta(a) que já nem pensa nisso. Apenas segue se arrastando pela vida tentando dar conta de todas as tarefas, como se não houvesse outra alternativa.

 

 

E dá pra fazer alguma coisa?

 

Claro que sim.  Há muita coisa a ser feita para melhorar os seus níveis de energia PAS. Embora você não possa mudar o seu traço de personalidade e absorver menos estímulos, por exemplo, pode aprender a gerar mais energia e a gerir melhor a energia que tem disponível. Como costuma dizer o coach norte-americano Brendon Burchard “uma hidrelétrica não tem energia, ela gera energia”. Pense em si mesmo(a) como uma usina hidrelétrica e aprenda a gerar mais energia e também a distribuir melhor a sua energia.

 

O dr. Arnie Kozak, autor do livro “The awakened introvert”, propõe uma abordagem em três passos para aprender a gerir sua energia: a abordagem RPM, que  se baseia em três tipos de ação: Respeito, Proteção e Modulação. Diz ele:

 

“Você respeita sua energia quando monitora e equilibra a presença das coisas que a aumentam e das coisas que a desgastam na sua vida; você protege sua energia fazendo escolhas que refletem seus valores e mantendo o seu autocuidado; e você modula conscientemente sua energia aprendendo a restaurá-la enquanto  navega através do estresse e das atividades de cada dia”. 

 

Algumas sugestões:

 

A abordagem RPM  fornece um roteiro de como você pode cuidar da sua energia e prevenir o cansaço extremo e a exaustão e, embora existam técnicas específicas a serem utilizadas em cada um desses passos, elas são mais detalhadas do que é possível abordar no espaço de um artigo. Mesmo assim, eu gostaria de lhe apresentar  algumas sugestões que podem ajudar a cuidar melhor da sua energia e evitar a exaustão e o desgaste extremo:

1.      Não finja que está “bem”  

Não coloque sobre seus ombros o peso de “ter que” acompanhar o ritmo das outras pessoas, enchendo-se de atividades apenas para não parecer “fraco(a)” ou “diferente”. Quando fingimos que estamos bem apenas para agradar os outros, estamos, internamente, nos dizendo que aquilo que verdadeiramente somos e o que precisamos não está correto. E esta é uma forma de autorrejeição que tem impactos profundos na nossa autoestima e, ironicamente, no nosso nível de energia e de satisfação com a vida. Você não precisa provar nada a ninguém. Aceite quem você é e peça o que você precisa.

 

2.      Crie um ambiente calmo

Quando precisar se recuperar do esforço excessivo, procure criar o ambiente mais calmo possível. Se há pessoas em sua casa e você não pode estar completamente sozinho(a), coloque fones de ouvido para abafar qualquer ruído ou saia e vá caminhar pela natureza.

 

Se você está fora e nenhuma dessas opções é possível, retire-se para um lugar tranquilo – ainda que seja o banheiro.  Respire profunda e lentamente por algum tempo até se sentir calmo(a) e aterrado(a) novamente.

 

Uma advertência: Fique longe de estimulantes como café, música alta ou programas de TV violentos. Tudo isso só irá excitar ainda mais os seus nervos.

 

3.      Faça escolhas saudáveis

Quando nos sentimos sobrecarregados e exaustos, é fácil sucumbir às indulgências alimentares não saudáveis, porque nossa força de vontade está no nível mais baixo. Escolhas alimentares pobres apenas causam uma oscilação repentina em nossos níveis de açúcar no sangue, que nos leva a nos sentirmos ainda mais cansados.

 

Faça algum exercício para fazer circular novamente a energia no seu corpo, mesmo que seja apenas um leve alongamento.

 

Coma regularmente, beba bastante água e tome as vitaminas ou suplementos que fazem parte de sua rotina normal. Se você está se sentindo sobrecarregado e sem energia hoje, faça tudo que for possível para cuidar bem do seu eu de amanhã.

 

4.      Consiga um período de sono extra 

 

Se você é altamente sensível, dormir o suficiente todas as noites (pelo menos 7 horas) é uma necessidade. Se você andou ultrapassando os seus limites, provavelmente precisará de ainda mais.

Tentar fingir que podemos continuar como todo mundo, sobrevivendo com apenas algumas horas de sono é uma atitude inútil e contraproducente.  É muito mais produtivo cuidar de nós mesmos, exatamente como precisamos ser tratados, independente do modo como as nossas necessidades possam ser percebidas pelos outros.

 

Se você está se sentindo exausto(a) e  sobrecarregado(a) priorize obter a quantidade de sono que necessita. Planeje ir para a cama mais cedo por pelo menos uma ou duas noites, mesmo que isso signifique que sua lista de tarefas será ignorada. Você estará mais concentrado(a), calmo(a) e eficiente depois de descansar.

5.      Abra mão das expectativas

Muito de nossa frustração – seja conosco, seja com os outros – decorre das nossas expectativas. É a expectativa que deveríamos ser capazes de fazer tudo, trabalhar em ritmo ininterrupto, socializar interminavelmente e continuar assim que nos coloca em apuros.

 

Pratique deixar isto para trás. Quanto mais você abandonar essas expectativas, mais liberdade você sentirá e mais irá descobrindo sua maneira única de prosperar.

 

Se você chegou ao seu ponto de ruptura, não adianta tentar fingir que pode continuar normalmente. Por vezes, a vida nos obriga a parar tudo e nos curar. Tudo vai estar lá depois que você recarregar sua energia e emergir novamente.

 

 

Quando tentamos fingir que somos alguém que não somos e ignoramos nossas necessidades únicas, nossas fraquezas e nosso ser mais irritável ​​saltam à frente. Quando aceitamos quem somos, limites e tudo, podemos demonstrar um pouco de compaixão para conosco, pedir o que precisamos e encontrar o caminho de volta ao lugar onde nos sentimos fortes e no controle.

 

Nós todos cruzamos nosso ponto de ruptura às vezes, eu cruzo o meu mais vezes do que eu gostaria. Mas sempre sei o que preciso fazer para recarregar minha energia e encontrar meu caminho de volta. Para mim, reconhecer e honrar isso faz toda a diferença. Eu espero ter lhe ajudado a fazer o mesmo.

 

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Um grande abraco e até o próximo mês,

 

Beijos e bênçãos,

 

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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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