Alta sensibilidade: dom ou dor de cabeça? Você decide.

Alta sensibilidade: dom ou dor de cabeça? Você decide.

25/02/2017 artigos Rosalira Oliveira

dom ou dor de de  cabeça I

É um clássico! A maioria das pessoas altamente sensíveis que me procura declara, logo de saída, que não lhe agrada ser assim, que gostaria de ser menos sensível, que queria ser “como todo mundo”… Claro que não preciso comentar o impacto desse tipo de pensamento na autoestima das PAS. O fato é que de tanto ouvirem que são “dramáticas” “emotivas demais” ou “cheias de não me toques”, muitas destas pessoas passam a ver a sua sensibilidade como um problema. Ou pior ainda, como um distúrbio, um sintoma de que há algo errado com elas.  

 

Por isso mesmo é importante esclarecer, mais uma vez, que a alta sensibilidade é simplesmente um traço de personalidade. Não é um transtorno e nem uma doença, mas uma característica neutra compartilhada por um grupo de pessoas.  Em princípio é uma qualidade, um dom.  Contudo, se você não aprende a equilibrá-la pode vir a percebê-la como um fardo, uma verdadeira dor de  cabeça. Quando não reconhecida e não equilibrada a alta sensibilidade pode, sim, causar bastante dificuldades e, ocasionalmente, gerar uma predisposição para determinados tipos de doenças e transtornos. Cada pessoa irá experimentar essas dificuldades de uma maneira particular, de acordo com sua personalidade e sua história de vida, mas, de um modo geral, as queixas mais comuns das PAS são as seguintes:

 

  • Saturação física e mental e altos níveis de estresse;
  • Sensação de incômodo com ruídos repentinos ou altos, odores, desordem, luzes ofuscantes; multidões e outros estímulos agressivos;
  • Dores de cabeça (enxaqueca), contrações musculares, intestino irritável, alergias, irritabilidade, burnout, cansaço crônico.
  • Ataques de pânico e de ansiedade
  • Depressão
  • Extrema preocupação com a opinião alheia e medo de criticar e de ser criticado,
  • Não saber dizer não e ter dificuldade em manter seus limites pessoais.
  • Dificuldade nas relações e uma busca constante de se adaptar as (supostas) demandas e necessidades alheias, negando as próprias necessidades e se sacrificando pelos demais;  
  • Forte sensação de não encaixar, de não pertencer, de sentir-se como um ET, de não compreender o mundo e as demais pessoas;
  • Baixa autoestima
  • Dificuldade de convivência no local de trabalho por conta do perfeccionismo e da intolerância às rivalidades e jogos de poder, etc.

 

Sim eu sei! A lista é longa e poderia ser ampliada com várias outras situações/temas que têm a possibilidade de nos causar sofrimento. Mas o que eu quero deixar claro é que se trata exatamente disso: possibilidades.  Por isso usei a palavra “ocasionalmente” no trecho acima. Nada disso é inevitável. Não se trata de um destino traçado, e sim de um forte chamamento a assumirmos nossa responsabilidade para conosco mesmo. Como diz o autor e coach especializado em alta sensibilidade Antoine van Staveren, existem dois tipos de pessoas altamente sensíveis: aquelas que sofrem por conta da sua alta sensibilidade e aquelas que aprenderam a canalizá-la vivendo em harmonia com ela e usufruindo das suas vantagens.   

 

Aprender a canalizar a alta sensibilidade não é fácil. Mas é o único caminho verdadeiro para estar à vontade no mundo, sem carregar a sensação de sentir-se frágil e vulnerável o tempo inteiro e nem precisar negar sua sensibilidade, protegendo-se por trás de uma imagem falsa de força e segurança.  Este é o caminho que chamamos desenvolvimento pessoal. Quando falo em desenvolvimento pessoal refiro-me ao processo de autotransformação através do qual nos tornamos verdadeiramente a pessoa que nascemos para ser. Mais ou menos como dar à luz a nós mesmos.

 

Este é processo implica em uma profunda e honesta revisão das nossas ideias e crenças a respeito do mundo e de nós mesmos. Algumas dessas crenças podem ter sido (e ainda serem) bastante confortadoras, ainda que limitantes. É o caso da crença de que somos (ou fomos) vítimas: dos nossos pais, das condições da nossa infância, dos nossos parceiros, da nossa alta sensibilidade, etc. Todos passamos por circunstâncias difíceis ao longo da vida, mas é nossa escolha definir o modo como elas irão nos afetar.  Instalar-se no papel de vítima pode nos dar uma boa justificativa para continuar sendo exatamente como somos e não enfrentar o desafio do crescimento pessoal.

 

Romper com a mentalidade de vítima requer uma mudança na nossa perspectiva mental. É por isso que o processo de desenvolvimento pessoal exige muita disposição e, sobretudo, coragem. Precisamos de muita coragem para reescrever o roteiro da nossa vida. Coragem para mudar, para aprender a ser responsáveis por nossas palavras, pensamentos e erros. Coragem para encarar o fato de que, a cada momento, de maneira consciente ou não, estamos fazendo no presente as escolhas que irão definir nossa vida no futuro. E que embora sejamos livres para escolher como agir (ou não agir), não o somos para escolher as consequências das nossas ações.    

dom ou dor de cabeça.Conhece-te a ti mesmo

 

Como sempre digo, o primeiro passo é simples e básico: conhecimento. Compreender a alta sensibilidade pode, por si só, ter um profundo efeito curativo, uma vez que fornece respostas para algumas das perguntas que você andou se fazendo ao longo da vida. Depois, vem o delicado trabalho de autoconhecimento.  Só podemos mudar aquilo que conhecemos, por esta razão o autoconhecimento é essencial nosso desenvolvimento pessoal. E também, a base para a construção da autoestima: não podemos amar-nos se não conhecemos a nós mesmos. 

 

Penso que, no nosso caso, o trabalho de autoconhecimento implica estar atento a, pelo menos, dois aspectos. O primeiro diz respeito à maneira particular como a alta sensibilidade se expressa em nós: no nosso corpo e na nossa psique.  Cada um de nós é diferente e aquilo que seria um ponto de atenção para uma pessoa, pode não ter maior significado para outra. Portanto, observe a si mesmo e suas reações; identifique seus gatilhos de estresse; preste atenção ao seu corpo e suas necessidades. Procure relacionar esses sinais com seu momento de vida. Anote essas observações num diário e busque padrões e repetições. Eles vão lhe ajudar não apenas na identificação do modo peculiar como a sensibilidade se expressa em sua vida como também na prevenção de alguns dos problemas que citamos acima.

 

O outro aspecto do autoconhecimento diz respeito a saber quem é você e o que você quer para a sua vida. Ok, você é uma pessoa altamente sensível, mas é também muito mais do que isso. É um ser humano com sonhos, talentos e capacidades únicas. É alguém chamado a desempenhar um papel no mundo e sua sensibilidade só pode realmente ser vivida como um dom quando se torna parte integrante da maneira como você se expressa e atua no mundo. Assim sendo, em algum ponto do caminho é necessário enfrentar as perguntas profundas: Você realmente se conhece? Sabe o que é importante para você? Quais são seus valores, suas aspirações, sua definição pessoal de sucesso e de felicidade? E seus medos? Conhece o seu diálogo interior? Observa as coisas que você se diz a si mesmo? Elas o fazem se sentir vitima ou protagonista da sua vida? Você está vivendo de maneira congruente com os seus princípios ou está representando um papel num roteiro escrito por outros? Está contente com a pessoa que você é? Se não está, consegue perceber qual a sua contribuição para criar sua situação atual? Quer realmente mudar? Estas são perguntas difíceis, mas extremamente necessárias.

 

Mais uma vez a coragem para ser honesto consigo mesmo é um requisito fundamental no caminho do desenvolvimento pessoal. Há outras exigências: um anseio verdadeiro por mudanças, compromisso e disciplina. Mas as recompensas costumam ser grandes. Aprender a olhar para si mesmo, praticar a autoconsciência, romper com velhos padrões e arriscar-se a crescer para além dos limites autoimpostos, são conquistas que lhe propiciarão uma nova percepção sobre quem você é, permitindo-lhe descobrir uma nova pessoa: mais forte, mais verdadeira e mais feliz.

Mas, e na prática, como fazer?

 

Para começar, dê a si mesmo permissão para mudar.  Às vezes ficamos presos numa situação, relação ou sentimento apenas porque já o consideramos parte da nossa identidade e temos medo de largar aquilo que já nos é familiar. Dar-se permissão para mudar significa, também, encarar o fato que ao longo do processo de mudança ocorrerão perdas. Hábitos, pessoas, coisas, relações poderão ter de serem deixadas para trás, a fim de abrir espaço para o novo. E este processo costuma ser doloroso.   

 

Depois, é importante aprender a olhar para dentro. Nós PAS costumamos ser muito voltados para fora, com o foco automaticamente ajustado nos outros e em suas necessidades. Se estamos constantemente orientados para fora, nunca estaremos “conosco mesmos” e nunca chegaremos a nos conectar com nosso ser interior. Ao nos voltarmos para dentro fazemos contato com a nossa natureza verdadeira e podemos começar a expressá-la na nossa vida.

Conecte-se com a sabedoria natural contida no seu corpo. Seu corpo é o seu melhor guia na tarefa de equilibrar sua sensibilidade e de construir uma vida coerente com ela. Aprenda a ouvi-lo, e respeitá-lo nas suas necessidades e organize sua rotina de forma a manter sua saúde e disposição. Acostume-se também a consultar a sabedoria do seu corpo nas horas em que precise tomar decisões. Com isso saberá que está agindo de acordo com a sua verdade interior. Existem muitas maneiras de estabelecer o contato com esta “bússola interior”. Uma das minhas preferidas é a meditação de coerência cardíaca, da qual deixo o link, se você quiser conhecer.

 

Por fim, aja! Todo o conhecimento do mundo será inoperante se você não o transformar em ação. Seja congruente com seu eu verdadeiro. Defina a pessoa que você quer ser e comece a atuar desta maneira. Crie uma vida que reflita as verdades que descobriu ao longo desse processo. Pode ser assustador, mas é o preço a pagar pelo direito a uma vida plena e autentica. E você pode fazer isso na sua própria maneira e ritmo. Só não pode fingir que não sabe a direção a seguir. Como disse uma cliente minha, “uma vez que você descobriu quem você é, não é possível voltar atrás e viver uma vida definida pelos valores de outras pessoas”.

 

Espero que este artigo tenha trazido uma contribuição para a sua jornada de desenvolvimento pessoal. Se precisar de ajuda e quiser conhecer o meu trabalho de coaching, clique aqui para se informar sobre o coaching individual ou aqui para conhecer o Programa Ame sua Sensibilidade. Se tiver alguma dúvida, entre em contato comigo. Terei prazer em conversar com você. E se desejar receber mais artigos sobre a alta sensibilidade, clique no link abaixo e assine a minha newsletter.

 

Beijos e bênçãos,

Rosalira

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Sobre o autor
Rosalira Oliveira Sou coach com formação em coaching ontológico e especializada em alta sensibilidade. Fiz minha transição recentemente, quando encerrei meu ciclo como pesquisadora e doutora em antropologia cultural e tornei-me criadora do “Ame sua sensibilidade”, um programa de coaching destinado a ajudar as pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar em essa sua característica, de modo a viver uma vida com mais felicidade e significado.

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